
Sobre
Nos colóquios do “Metrópole Sensível” tem-se buscado repensar a realidade urbana, especialmente através de um pensamento sensível que se debruça sobre ambiências, atmosferas e emoções. Assim, com base em uma perspectiva teórica interdisciplinar, as questões têm sido tratadas a partir de uma abordagem fenomenológica que visa decifrar as formas sensíveis do social: atenta principalmente aos efeitos das emoções, atmosferas e tonalidades na configuração urbana.
Lançado em 2013 pelo Laboratório de Sociologia LERSEM-IRSA (agora LEIRIS), da Universidade Paul-Valéry Montpellier 3, como um fórum de reflexão e debate sobre a cidade e suas dimensões imaginárias e sensíveis, o ciclo internacional e interdisciplinar deste evento se concentra no método visual e na observação, na teoria das atmosferas e no imaginário urbano. O objetivo é incentivar o questionamento contínuo da realidade urbana por meio da leitura e da análise da cidade e de seus espaços com um enfoque fenomenológico de novas sensibilidades urbanas. Desse modo, a teoria das ambiências, baseada em uma metodologia multifacetada (sociologia dos sentidos, percepção sensorial, método sensível), combinada com o estudo de imagens (sociologia visual) e observação in situ (fenomenalidade do espaço urbano, interacionismo e o simbolismo da rua) têm nos permitido compreender e mergulhar nas experiências estéticas das ambiências urbanas.
Para esta edição realizada no Brasil, o enfoque estará nas dimensões do corpo e das práticas espaço-culturais como formas de experiência e nas maneiras pelas quais essas amplificam as atmosferas percebidas e sentidas. A atmosfera que emana da espacialidade e é vivenciada pelo corpo e suas práticas nos leva a decifrar vários fenômenos relacionados a uma “corpografia” sensível de situações. Os corpos e as práticas espaciais devem ser considerados em sintonia, no sentido de uma influência recíproca, em que as corporeidades se inserem na paisagem urbana, construindo-a por meio de práticas comuns (caminhar, deambular, etc.). Elementos de uma constelação do imaginário urbano que contribuem para definir as noções de espaço, atmosfera e seu impacto na percepção da cidade. A experiência física e os usos dos espaços produzem ritmos na cidade e seus lugares, tons específicos, muitas vezes, uma caracterização atmosférica expressa em “corpografias urbanas”. Isso significa que os espaços são mapeados por corpos, movimentos e trajetórias. O que está em jogo é uma compreensão da experiência sensível por meio de corpos, práticas e suas influências na produção de atmosferas. A experiência percebida e vivida dos espaços deve ser compreendida com base na vida cotidiana, que gera uma certa geografia emocional por meio da qual os indivíduos sentem, experimentam e percebem o espaço e suas atmosferas, e na qual eles dão vida à cidade por meio de suas jornadas experienciais.
O mundo social e as espacialidades urbanas são caracterizados por uma experiência corporal na qual os indivíduos em movimento produzem uma cartografia sensível dada pelas maneiras pelas quais os estilos de vida são expressos cotidianamente. Ao fazerem isso, os envolvidos se apropriam dos efeitos simbólicos e afetivos que caracterizam uma experiência espacial e, da mesma forma, uma identificação coletiva e atmosférica. Por meio da experiência dos corpos, os espaços assumem a forma de um caleidoscópio de sensações em que a própria experiência é amplificada pelas qualidades tonais presentes nas localidades.
Embora a experiência seja espacialmente situada, ela também reflete a influência da formação de ambientes e atmosferas, reconfigurando a experiência vivida em uma espécie de “corpografia experiencial”. Traços, linhas, rotas, perambulações, passeios, itinerários e danças: uma soma total de variáveis incorporadas em uma fenomenologia do sensível e do espaço estão expressas em uma genealogia de atmosferas tonais urbanas.
Coordenadores
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Fabio La Rocca
Professor de Sociologia e pesquisador do Laboratoire d'Études Interdisciplinaires sur le Réel et les Imaginaires Sociaux (LEIRIS), da Université Paul-Valéry Montpellier 3. Graduado em Sociologie pela Università degli studi di Salerno (Itália); mestre e doutor em Sociologie pela Université Paris Descartes Sorbonne. Tem experiência nas temáticas de sociologia do imaginário, comunicação e mídias, sociologia visual, cidades e espaços urbanos, epistemologia e história do pensamento sociológico. Pesquisador parceiro do Laboratório CAC - Comunicação, Arte e Cidade (UERJ) e NEPCOM (UFRJ). Membro do corpo editorial dos periódicos Sociétés (Paris)
e Les Cahiers Européens de L'Imaginaire.
Lattes
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Cíntia S. Fernandes
Professora Associada da Faculdade de Comunicação Social da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (FCS/UERJ). Pesquisadora PQ2 do CNPq e Prociência/FAPERJ. Coordenadora de linha do PPGCom da UERJ. Coordenadora e líder do grupo de pesquisa CAC - Comunicação, Arte e Cidade (www.cacuerj.com) e pesquisadora associada ao Núcleo de Estudos e Projetos em Comunicação (NEPCOM/UFRJ). Atualmente, desenvolve a seguinte pesquisa: "Corpos, Músicas e Imagens: a potencialidade estético-comunicativa das ambiências festivas de rua na cidade do Rio de Janeiro" (projeto que tem apoio do CNPq, CAPES e FAPERJ).

Micael Herschmann
Professor Titular da Escola de Comunicação da Universidade Federal do Rio de Janeiro (ECO/UFRJ), vinculado à linha de pesquisa Mídia e Mediações Socioculturais do PPGCom/UFRJ. Pesquisador 1C do CNPq e Cientista do Nosso Estado da FAPERJ. Coordenador geral do Núcleo de Estudos e Projetos em Comunicação (NEPCOM), vinculado também ao PPGCOM/UFRJ. É um dos membros fundadores do Comusica - Congresso de Comunicação e Música (inscrito no CNPq). Vem desenvolvendo atualmente a seguinte investigação: Comunicação, Música e Política nos espaços públicos da cidade do Rio de Janeiro (projeto que conta com o apoio e recursos do CNPq)
Conferencistas
Conferência 1:
Os sentidos, as fitas
e as ambiências
Conferência 2:
O tecido urbano: relações entre fotografia, experiência e cidade na contemporaneidade

Cristiane Duarte
Professora Titular da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da UFRJ, atuando no Programa de Pós-Graduação em Arquitetura (PROARQ), onde criou e coordenou o grupo de pesquisa Habitat, o Núcleo Pró-Acesso e o Laboratório Arquitetura, Subjetividade e Cultura. Pesquisadora 1A do CNPq e Cientista do Nosso Estado da FAPERJ. Trabalha com dimensões culturais e subjetivas do espaço, acessibilidade e etnografia da/na cidade. Membro da Comissão de Equidade, Diversidade e Inclusão e também membro do comitê de assessoramento e coordenadora das áreas de Arquitetura e Urbanismo, Planejamento Urbano e Design na FAPERJ.

Victa de Carvalho
Professora Associada da
Escola de Comunicação da Universidade Federal do Rio de Janeiro (ECO/UFRJ), e professora permanente do Programa de Pós-Graduação em Comunicação e Cultura (PPGCOM/UFRJ). Integrante do grupo de pesquisa N-IMAGEM e vice-coordenadora do grupo de pesquisa Fotografia, Imagem e Pensamento (CNPq). Tem experiência na área de Comunicação, com ênfase
em Artes, atuando principalmente nos seguintes temas: fotografia, arte contemporânea, cinema, vídeo e novas mídias. Trabalha atualmente nas seguintes pesquisas: O cotidiano na arte contemporânea e Cronologia da fotografia no Brasil entre 1979 e 2000.